"Estou eu aqui, nos meus últimos trinta minutos de vida, com certeza os mais longos da minha vida, nessa terrível cela, a espera dos guardas, para me levarem à terrível cadeira elétrica. O medo de morrer não mais me assombra, a verdadeira tensão na verdade é sobre como é a morte. Uma vida de crimes, suja, assassinatos, roubos, como me deixei levar por esse caminho? As terríveis escolhas feitas, todo esse arrependimento, se eu pudesse voltar no tempo, como eu gostaria de tentar fazer certo dessa vez. Será que eu conseguiria? Aposto que não. Esta cela solitária, parece ser cada vez maior, com tantos detalhes, que antes eu não notava, agora noto tudo a minha volta: as rachaduras na parede, a ferrugem das grades. Enfim, o que leva uma pessoa a escolher esta vida? Eu poderia continuar vivo, ainda tenho trinta anos, eu poderia estar junto com os meus filhos, levando-os à escola, ou à um jogo de futebol, meu Deus, como tenho sido ausente, depois de todos estes anos nessa maldita prisão. Foi bom eu ter citado essa palavra... DEUS! Perdoe-me pelos meus erros, por tudo que tenho passado na vida, e cuide da minha família por mim, coisa que não tive a competência de fazer. Passo os últimos minutos da minha vida em um lugar imundo como este, vou morrer eletrocutado, vou finalmente pagar pelos meus erros. Eu posso dizer que anseio a minha morte. O sofrimento da espera talvez seja até maior que o da morte propriamente dita. Depois de tudo isso que falei, e pensei, não se passaram mais do que cinco minutos, e parece que o tempo fica cada vez maior. Os outros presos começam a acordar, a prisão começa a se movimentar. Já não reina mais o silêncio absoluto. Essa foi a minha escolha: passar o resto dos dias em uma cela imunda e fétida, passar o resto dos dias com outros homens, que também fizeram escolhas erradas na vida, assim como eu. Agora não tem mais volta. Estou condenado.
Finalmente minha hora chegou. Os trinta minutos se passaram, os guardas vem chegando. O sangue começa a ferver, finalmente agora começa a bater o real medo da morte, e o que vem depois dela. Será que conseguirei descansar em paz depois que morrer?
- Sua hora chegou. Vamos, não tumultue, não tente fugir, vamos fazer isso rápido.
Enquanto eu era encaminhado pelo corredor da morte, ouço presos gritarem, xingarem, e a vida passando, passando, passando... Alguns se despedindo, afinal, não tem apenas pessoas ruins neste inferno, fiz alguns amigos aqui também.
Aqui estou eu, sentado nessa cadeira, enquanto os guardas preparam minha execução. Passo o olho por quem veio ver minha morte. Alguns desejando que aquilo acabe logo, pois tirei vidas, de parentes e amigos de pessoas que estavam presentes nessa sala. Os olhos a procura de alguém que quisesse me ver fora daquela cadeira, mas não conseguia ver ninguém, afinal, eu não recebia visitas a algum tempo. Eu fiz essa escolha, não os culpo, eu escolhi o caminho errado, e tenho o incrível dom de afastar de mim todo mundo que algum dia já me amou.
Está tudo pronto para minha morte. A última imagem que levarei deste mundo, são olhos satisfeitos de pessoas que desejam minha morte, pelos pecados que cometi. Faço uma oração baixa, peço perdão ao bom Deus por tudo. Ele finalmente fará justiça, àquelas pessoas que me assistem morrer. Finalmente, chegou a minha hora.
- Descanse em paz.
Eu já não enxergo mais nada, a venda tapa meus olhos, o corpo inteiro se contrai, sinto meus olhos tentarem – em vão – saltarem das órbitas, sinto minha alma sair do meu corpo. Finalmente, o mundo perdeu um de seus desordeiros. O dia amanhece melhor, sem a minha presença. Adeus mundo..."
Derek Szabó
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